O Palmeiras escreveu mais um capítulo memorável em sua trajetória continental ao vencer o Bolívar por 3 a 2 na altitude de La Paz, tornando-se o primeiro clube brasileiro a derrotar o time boliviano duas vezes como visitante.
A vitória histórica, conquistada na noite desta quarta-feira (24), mantém o Verdão com 100% de aproveitamento na Libertadores 2025 e amplia a sequência invicta da equipe para sete jogos consecutivos.
Façanha histórica na altitude
Em 2020, o Palmeiras, então comandado por Vanderlei Luxemburgo, já havia quebrado uma invencibilidade de 37 anos do Bolívar contra clubes brasileiros em seus domínios, com aquele golaço memorável de Gabriel Menino. Agora, o time de Abel Ferreira repete o feito, algo inédito para equipes brasileiras.
Na história, apenas quatro vitórias brasileiras foram registradas na altitude de La Paz contra o Bolívar: Grêmio em 1983 (que terminou campeão da Libertadores), Palmeiras em 2020 (que também foi campeão), Internacional em 2023 e agora novamente o Palmeiras em 2025.
Primeiro tempo avassalador
O que mais impressionou na vitória palmeirense foi o desempenho no primeiro tempo. Enquanto normalmente são os times visitantes que sofrem com os efeitos da altitude, o Palmeiras dominou as ações e criou as melhores oportunidades, mesmo tendo menos de 25% de posse de bola.
Flaco López abriu o placar e Estêvão, que completou 18 anos justamente no dia do jogo, ampliou em uma jogada de três contra um. O Verdão ainda teve a chance do terceiro nos acréscimos, quando Facundo Torres acertou a trave após lance individual de Flaco López.
O cenário era tão inusitado que parecia haver uma inversão de papéis: o Bolívar, acostumado à altitude, mostrava dificuldades nos cruzamentos, errando passes e mandando bolas para fora, enquanto o Palmeiras corria e pressionava como se estivesse jogando ao nível do mar.
Virada e contra-virada emocionante
O desgaste físico, inevitável em jogos na altitude, cobrou seu preço no segundo tempo. Estêvão não conseguiu continuar, saindo de maca logo no início da etapa final. “Foi questão mesmo da altitude. Aqui é surreal”, declarou o jovem após a partida.
Com as alterações promovidas pela equipe da casa, o Bolívar cresceu e empatou a partida com dois gols de cabeça do atacante brasileiro Fábio Gomes, ambos em jogadas aéreas – arma principal dos bolivianos que responde por 75% dos gols da equipe contra brasileiros nos últimos dez anos.
Quando o panorama se desenhava para uma possível virada boliviana, o Palmeiras mostrou sua força mental. Após uma jogada confusa, o recém-entrado Maurício aproveitou um rebote em Facundo Torres para marcar o gol da vitória, consolidando o resultado histórico.
Flaco López como protagonista
O atacante argentino Flaco López foi o grande destaque da partida, participando diretamente dos três gols do Palmeiras. Além de marcar o primeiro, esteve presente nas jogadas que resultaram nas demais bolas na rede palmeirenses.
Sua atuação destacou-se não apenas pelos números, mas pela entrega e capacidade de suportar os efeitos da altitude. Do início ao fim, López mostrou disposição física e qualidade técnica, confirmando sua fase positiva que já havia sido demonstrada no jogo contra o Fortaleza.
Números impressionantes do Verdão de Abel
A vitória em La Paz mantém o Palmeiras com 100% de aproveitamento na Libertadores 2025 e, além disso, amplia para 16 jogos a invencibilidade da equipe como visitante – a maior marca do clube desde 1996, quando o “time dos 100 gols” encantava o Brasil sob o comando de Vanderlei Luxemburgo.
Na história da Libertadores, desde 1960, o Palmeiras é o clube brasileiro com melhor desempenho como visitante, consolidando uma característica que tem sido fundamental para suas conquistas recentes na competição.
Líder do Campeonato Brasileiro, com sete vitórias consecutivas e 100% de aproveitamento na Libertadores, o Palmeiras de Abel Ferreira caminha para, possivelmente, obter a melhor campanha da fase de grupos da competição continental, o que seria uma vantagem importante nas fases eliminatórias, permitindo decidir jogos decisivos no Allianz Parque.
Calendário desafiador e preparação para o Mundial
O Palmeiras enfrenta agora uma sequência desafiadora de jogos, com sete partidas em sequência, sendo apenas uma como mandante – contra o Bahia neste domingo (28), às 18h30, no Allianz Parque. Depois, enfrenta Ceará, Vasco, Cerro Porteño, São Paulo, Bolívar, Bragantino, Ceará, Flamengo, Sporting Cristal e Cruzeiro.
Esta maratona de jogos terá especial importância por anteceder a participação do clube na Copa do Mundo de Clubes da FIFA, que acontece em junho. O Palmeiras estreia na competição no dia 15 de junho, contra o Porto, o que significa que restam aproximadamente 12 jogos para Estêvão defender a camisa alviverde antes de sua transferência para o Chelsea.
O legado e as comparações históricas
A atual fase do Palmeiras traz à memória grandes equipes do passado. O time de 1996, comandado por Luxemburgo, é lembrado como um dos melhores da história do clube, com seu “quadrado mágico” formado por Djalminha, Rivaldo, Müller e Luizão.
Aquela equipe, que também contava com Cafu, Veloso, Cléber, Júnior, Flávio Conceição, entre outros, fez campanha histórica no Paulistão com 27 vitórias em 30 jogos e uma sequência de 21 vitórias consecutivas. Até hoje, jogadores como Luizão consideram aquele elenco superior a outros times históricos do futebol brasileiro, como o Vasco de 1998 ou o Corinthians de 2000.
Curiosamente, o atual Palmeiras se aproxima daquele time histórico em termos de desempenho como visitante, demonstrando que a equipe de Abel Ferreira pode estar construindo seu próprio legado no futebol brasileiro e sul-americano.
A força do elenco sem Estêvão
A saída iminente de Estêvão para o Chelsea, após a Copa do Mundo de Clubes, gera natural preocupação entre os torcedores palmeirenses. No entanto, o Palmeiras parece estar preparado para esse cenário, com um elenco equilibrado e repleto de opções.
Jogadores como Paulinho, Vítor Roque, Rafael Veiga e o próprio Maurício, autor do gol da vitória contra o Bolívar, demonstram que o clube possui alternativas de qualidade. O trabalho conjunto da presidente Leila Pereira, do diretor Anderson Barros e do técnico Abel Ferreira tem resultado em um dos elencos mais equilibrados da história recente do clube.
O Palmeiras conta com três opções para a lateral direita, duas e meia para a esquerda, zaga robusta mesmo após a saída de Vitor Reis para o Manchester City, além de boas opções para volantes, meias e atacantes. Esta profundidade de elenco será fundamental para enfrentar o calendário congestionado e manter o alto nível mesmo após a eventual saída de Estêvão.
Com a vitória histórica na altitude de La Paz, o Palmeiras não apenas consolida sua campanha perfeita na Libertadores, mas também demonstra que está pronto para os desafios que virão, seja na competição continental, no Brasileirão ou na Copa do Mundo de Clubes.
